Respeita o resultado

Artigos | 19/04/2023

Fernanda De Gasperin, associada do IEE

Numa busca rápida no Google pelo termo “eleição”, um dos resultados apresentados é um site chamado “Respeita o resultado”. No site, pronunciamentos de diversas personalidades em defesa da democracia. Antes que você prossiga: não, este não é um artigo para questionar as urnas eletrônicas, mas sim o processo que vem bem antes delas.

Como diria Jordan Peterson, “a expressão da verdade não é possível sem a liberdade de expressão”. Não é de hoje que se questiona, ou se diagnostica, que a verdadeira liberdade de expressão nos é tolhida, especialmente em período de eleições. Nesse momento, talvez você já tenha lembrado de alguns casos, alguns mais recentes e outros mais antigos. Numa rápida reflexão, nos questionamos se estamos vendo o pêndulo direcionando-se uniformemente para os dois lados ou tendendo mais fortemente para um deles.

Os dias que oficialmente antecedem a festa da democracia nem sempre são os mais amistosos. A disputa pelo poder acirra os ânimos, e, em um ano em que se decide entre duas opções claramente opostas, o que parece é que vale tudo. De um lado, vemos a história tentando ser apagada. Fotos que demonstram um passado bem recente de apoio a ditadores de países vizinhos são proibidas de continuar circulando, acusadas de serem notícias falsas. Investigações que não passaram pelo controle da grande mídia são censuradas. Em uma única petição, mais de trinta pessoas e empresas recebem pedido para que sejam censuradas, sem contar as demais já banidas anteriormente. Até parece que o personagem Winston, da distopia “1984”, está trabalhando no Ministério da Verdade do Brasil, alterando os registros históricos de acordo com o que o Grande Irmão ordena. Entretanto, esse Grande Irmão ainda não está no poder.

De outro lado do pêndulo, temos aquele que é muito criticado. Muitas vezes recebendo críticas razoáveis, como qualquer governante que esteja no poder recebe. Em outras vezes, os xingamentos aparecem em forma de exageros linguísticos que fogem do significado literal dos termos. Vimos esse lado responder a esse cenário talvez não da melhor maneira, com a melhor comunicação. Mas, mesmo com o poder nas mãos, não vimos esse lado utilizar-se da censura para calar tais críticas. Entretanto, aos olhos de muitos, esse é o lado que ameaça a democracia.

Apagar a história ou instituir um ministério da verdade não deu certo na distopia, mas no Brasil parece que dará: tudo em nome da “democracia”. Tentar ocultar relações com a sangrenta onda vermelha e totalitária que toma conta da América Latina, antes mesmo de tomar o poder, nos demonstra o perigo de nos tornarmos mais um país latino-americano sangrando pelo mesmo motivo.

O mote é respeita, portanto, o resultado – independentemente de quem tiver sido calado ou de que história tenha sido apagada. Mas que tal se, além de respeitarmos o resultado, tivermos um processo isento e com verdadeira liberdade de expressão? Essa, sim, seria a festa da democracia.

 

  • Artigo publicado originalmente no Boletim da Liberdade em 13/10/2022

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