Quem move o mundo?

Artigos | 18/04/2024

Tiago Dinon Carpenedo, Diretor Financeiro do IEE

Há duas semanas, tive o privilégio de mediar um painel no 37º Fórum da Liberdade, evento realizado pelo IEE. O painel foi composto por três empreendedores fantásticos (Alexandre Ostrowiecki, Alfredo Soares e Diana Werner) e permitiu uma reflexão sobre o papel do empreendedorismo.

Com base no que foi debatido nesse painel, proponho que você esqueça a complexidade que cerca nossa vida e pense de forma ampla: o que move nossas ações?

A vida no nosso planeta é movida por necessidades. No mundo animal, por exemplo, há espécies de aves que voam milhares de quilômetros para acessar melhores condições de alimentação e reprodução.

Mas nenhuma espécie apresenta necessidades tão numerosas e heterogêneas quanto nós. Há centenas de anos, nossos ancestrais plantavam e caçavam de forma rudimentar, colocando a vida em risco, para ingerir calorias que permitissem sua sobrevivência.

Alimentar-se segue sendo uma necessidade básica. Mas, hoje, uma solução que podemos utilizar é completamente diferente: com alguns movimentos dos dedos na tela do smartphone, é possível solicitar comida por aplicativo. Em 2024, bilhões de pessoas no mundo podem ter acesso instantâneo a qualquer tipo de alimento, entregue em qualquer lugar.

O que ocorreu nesse meio-tempo que gerou mudanças tão drásticas nas soluções disponíveis para atender às nossas necessidades? A consolidação de uma importante instituição social: o mercado.

Mesmo o precário escambo já era uma forma para satisfazer as necessidades humanas, por meio de trocas diretas de produtos. Aí, a inventividade humana desenvolveu tecnologias sociais incríveis, como um instrumento mais inteligente de trocas (as moedas) e um tipo de organização que produz bens e serviços com muita eficiência (as empresas).

Aliada a isso, a maior liberdade individual para cada um trabalhar e consumir decorrente do império das leis - em contraste com o regime coercitivo anterior, do império dos homens - permitiu às pessoas realizarem trocas voluntárias o tempo todo. Essas trocas constantes formam os mercados. E o desenvolvimento dos mercados catapultou a capacidade da humanidade de gerar riqueza.

Se os mercados movem o mundo, você já se perguntou o que move o desenvolvimento dos mercados?

Para mim, a resposta é simples: a inovação gerada pelos empreendedores. O empreendedor é aquele que usa sua criatividade e experiência para entender e atender melhor os seus clientes.

O clichê diz que "o cliente é o rei"; no reino do mercado, o empreendedor é seu súdito. Não há nada de depreciativo nisso, pelo contrário. O propósito do empreendedor é servir outras pessoas, por meio de soluções inovadoras que melhorem suas vidas. Consequentemente, alcança resultados financeiros que permitem investir e fazer crescer seu negócio, amplificando seu impacto, em um círculo virtuoso.

Há empreendedores que foram tão geniais a ponto de se dizer que eles mudaram seu país e/ou o mundo, como Barão de Mauá, Henry Ford e Steve Jobs. Acredito que seja exagerada essa personificação, pois junto deles muitos outros empreendedores foram essenciais como clientes, fornecedores, concorrentes e parceiros de negócios. Esse é o poder do empreendedorismo: juntos, os empreendedores movem o mundo.

 

Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio em 18/04/2024

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