Artigos | 18/04/2023
Victoria Jardim, Presidente do IEE
Insanidade é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes – disse o físico Albert Einstein. Apesar de aprendermos sua famosa fórmula de equivalência entre massa e energia no colégio, certamente não absorvemos os ensinamentos de sua frase mais famosa. Insistimos no mesmo erro e agora vamos correr o risco de colher os mesmos resultados, provavelmente piorados por conta de uma conjuntura global menos favorável.
E não se enganem, não estou falando dos resultados obtidos no primeiro mandato de Lula, que ao menos economicamente foram relativamente satisfatórios. O presidente, assim como seus eleitores, também parece querer incorrer nos erros do passado. Ao contrário de suas promessas de campanha, que condenaram as políticas econômicas do governo Dilma para angariar votos dos adeptos do conto “Lulinha paz e amor”, o presidente dá indícios de que vai repetir exatamente a mesma fórmula que levou o país à maior recessão de sua história.
Lula, em sua versão rancorosa de retomada ao poder, quer fazer o que não fez em seu primeiro mandato. Imprimir sua visão econômica socialista e desenvolvimentista e atropelar o mercado. Ele não assinou a “Carta ao Povo Brasileiro” dessa vez. Escolheu Haddad para ser seu ministro da Fazenda. Juntos eles fazem um morde e assopra para emplacar a narrativa, que visa desmantelar nosso tripé macroeconômico. Como muito bem expôs Fernando Ulrich, para o governo do PT e seu novo tripé, gestão é investimento, inflação alta é crescimento, e juro baixo é vontade política. Parece distopia, mas é a realidade.
No entanto, dentro dessa insanidade há uma esperança. Pois sabem quem o Lula não pode chamar desta vez? Ele não pode chamar o Meirelles. E o Meirelles que me perdoe, mas, por melhor que ele tenha sido, a verdade é que atualmente seria mais provável que Lula chamasse o Guido Mantega ou o Alexandre Tombini.
A verdade é que, no último governo, tivemos um avanço institucional capaz de desequilibrar a equação petista: a autonomia do Banco Central. Não à toa Roberto Campos Neto virou o maior vilão da narrativa petista. E se for para repetir o passado, tomara que o Brasil acorde e perceba que o caminho é neto repetir os passos do avô, que, por sua vez, já alertava: “O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito”. Que o Banco Central nos proteja, e a lanterna na proa nos ilumine.