Artigos | 19/04/2023
Fernanda De Gasperin, artigo publicado em ZH em 14/1/2022
Já parou para pensar que vivemos uma vida muito mais confortável do que a de um rei na Idade Média? É nítido que, de milhares de anos para cá, mudanças significativas aconteceram. Mas nem precisamos ir tão longe para perceber isso. Hoje uma pessoa no Quênia com um smartphone em mãos acessa mais informações que o presidente Bill Clinton acessava quando governou os Estados Unidos, na década de 1990.
Isso porque hoje temos abundância de opções, escolhas e possibilidades. Enquanto um rei, mesmo com sua fortuna, ouvia música algumas poucas vezes em toda a vida, hoje temos milhares delas na palma da mão. E, se não quisermos perder de vista o contexto, basta lembrar dos anos 1990, quando um CD nos permitia ouvir menos de vinte músicas, de um só artista.
Para chegar a esse estágio, padrões foram quebrados, regras foram deixadas de lado e, sem pedir licença, essas inovações transforaram nossos dias. Os avanços tecnológicos derrubaram barreiras e transformaram o que era escasso em acessível. Se streamings de música tivessem respeitado os direitos autorais, ainda viveríamos na era do CD, ou do LP. Viver à sombra de diretrizes ultrapassadas freia novas ideias e novas soluções. Dificultar avanços vai contra uma população inteira.
Recentemente, o aplicativo de entrega de comida Uber Eats anunciou que suspenderá a atuação em restaurantes, o que tem sido relacionado à aprovação de uma lei que burocratiza ainda mais o serviço. Esse é apenas um grande caso que tomou conta das mídias; outros exemplos não faltam.
Quantos outros negócios deixaram de ser criados em virtude de burocracias, muitas vezes sem sentido? Tantas outras soluções poderíamos ter no dia a dia, tantos outros empregos poderiam ser gerados. A inovação não pede licença, pede desculpas por onde passa. Mas não custaria nada deixarmos o caminho aberto para ela passar.
Fernanda De Gasperin, Associada do IEE