Artigos | 22/08/2024
José Pedro Gomes, diretor de Comunicação do IEE
Na última sexta-feira, dia 16 de agosto, foi dado o início formal às eleições para as prefeituras de todo o Brasil. Agora o foco dos candidatos e de seus partidos é captar a atenção da população, apresentando suas ideias e convicções em busca de votos. Aparecer é uma das principais ferramentas, ainda mais em uma sociedade polarizada como a atual, na qual, ao criticar um lado, o candidato automaticamente ganha pontos com o outro. Isso faz com que o jogo saia do campo das ideias e entre no patamar das narrativas.
Para aparecer, existe algo que é muito importante: dinheiro. Fazer campanha de alto impacto custa muito caro. Esses recursos vêm, praticamente em sua totalidade, dos impostos pagos pela população. Conforme o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para as eleições deste ano está prevista uma verba recorde para o “fundão eleitoral”, com mais de R$ 4,9 bilhões, valor esse que será destinado exclusivamente para as campanhas políticas. Desse total, cerca de R$ 2 bilhões serão rateados em apenas três principais partidos: PL, PT e União Brasil.
Enquanto vemos um recorde de verba destinada ao fundão, também assistimos ao governo federal aumentar despesas de forma desenfreada, despreocupado com as contas públicas. Como resultado, para tentar manter um mínimo de equilíbrio, o Poder Executivo acaba realizando cortes de recursos em áreas importantes, como saúde, segurança e educação, ou se dedicando àquilo que os governantes mais sabem fazer: aumentar impostos.
Com o avanço do período eleitoral, é o momento de o cidadão parar, analisar e avaliar de forma oportuna o que os candidatos que estão concorrendo têm a entregar para a sociedade. Apesar de terem orçamentos menores, os prefeitos e os vereadores são os ocupantes de cargos eletivos mais próximos de nós e que causam mais impacto. Isso porque suas decisões afetam nossas cidades e
influenciam em aspectos do dia a dia da população, como as escolhas que fazemos em relação aos nossos lares, nossos deslocamentos, nosso lazer e muitos outros aspectos da vida e da convivência em sociedade. São eles que direcionarão os nossos suados recursos que foram convertidos em impostos em melhorias (ou não) para os municípios.
O orçamento público nada mais é do que o nosso dinheiro entregue para o Estado administrar. Precisamos de governantes que tenham a compreensão disso e que busquem, em vez de aumentar despesas com o jogo político, como o próprio fundão, o investimento apropriado para que a vida do cidadão se torne melhor e menos burocrática. É o momento de definirmos como será o futuro de nossas cidades, e, por esse motivo, precisamos de gestores capacitados, e não de políticos populistas e suas narrativas que prometem direitos e benefícios infinitos com recursos do nosso bolso.
Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio em 22/08/2024