Artigos | 19/04/2023
Thales Antoniolli Crestani, associado do IEE
A inflação voltou a ser um dos assuntos mais comentados no Brasil e no mundo em 2022. Os consumidores estão alarmados com o aumento contínuo dos preços a cada nova visita aos supermercados. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço do leite teve aumento de 19,5% nos últimos doze meses. Já o da carne bovina aumentou 42,6% desde o início da pandemia, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Afinal, por que o preço dos produtos está tão elevado? O que pode ser feito para reduzir os preços?
Ludwig Von Mises, no livro A Ação Humana, disserta que o conjunto de preços é o resultado de uma troca espontânea entre produtores e consumidores. O preço da maioria dos produtos no livre mercado, como o caso do leite e da carne bovina, é determinado pela quantidade produzida (oferta) e pela quantidade consumida (demanda) em um dado período. O papel-moeda, como o real, é utilizado para facilitar que as transações econômicas ocorram. Porém, as oscilações da quantidade de moeda em circulação causam instabilidade nos preços de mercado.
Desde o início da pandemia de Covid-19, os bancos centrais aumentaram a base monetária de forma sistemática para financiar políticas de assistência para as famílias. No Brasil, o crescimento da quantidade de moeda em circulação, desde janeiro de 2020 até fevereiro 2022, foi de cerca de 40%.
Nos Estados Unidos, o aumento foi similar, 45%, no mesmo período. A consequência dessa ação é a perda do valor da moeda, medida por meio do IPCA (Índice de Preço ao Consumidor). Nos últimos doze meses, o poder de compra dos brasileiros diminuiu 10,1%, e a perspectiva futura não é muito animadora, dado o aumento das tensões políticas globais e o desarranjo das cadeias de suprimentos.
Portanto, é necessário apontar soluções que combatam a inflação que atinge o país, que causa impacto, especialmente, nos indivíduos mais pobres. Existem três medidas práticas que podem ser tomadas pelos governantes: (1) redução do gasto público, principalmente, em projetos de pouco benefício direto para a população; (2) simplificação tributária, que impacta a produtividade das empresas; (3) fomento da inovação tecnológica, que aumenta a competividade dos produtos e serviços. Em ano eleitoral, espero
que os candidatos aos cargos públicos tragam políticas de combate à inflação como um tema de destaque em suas campanhas.