Guerra de tarifas escancara o preço do protecionismo

Artigos | 06/03/2025

Domingos Lopes, Diretor de Eventos do IEE

Nos últimos dias, o governo norte-americano decidiu aumentar tarifas sobre produtos estrangeiros, alegando proteger a indústria nacional e garantir empregos. Uma justificativa que já ouvimos inúmeras vezes ao longo da história, sempre embalada na retórica de fortalecimento econômico. No entanto, a verdade inconveniente é que medidas protecionistas não passam de subsídios disfarçados - e, como todo subsídio, geram ineficiências e distorções que prejudicam mais do que ajudam.

Sob a tutela do presidente Donald Trump, os Estados Unidos anunciaram tarifas de 25% sobre o Canadá e o México. A China também teve produtos taxados, mas com percentual inferior, de 10%. Como resposta, esses países igualmente informaram que as importações de bens norte-americanos serão tarifadas. Trump prometeu retaliar a retaliação, mas depois admitiu que poderia amenizar a tarifação. Um dos motivos foi proteger as montadoras de automóveis do aumento de custos com aquisição de peças, por exemplo.

A movimentação agressiva do governo norte-americano faz parte dos instrumentos utilizados por Trump, um exímio negociador. A tática é sempre partir de um ponto extremo de exigências para depois obter alguma outra vantagem. No caso de México e Canadá, além das tarifas mais altas que esses países impõem aos produtos dos Estados Unidos, a gestão Trump acusa ambos de não controlarem de forma eficaz as fronteiras para evitar a passagem de imigrantes ilegais.

Quando um governo impõe barreiras comerciais, ele escolhe quais setores devem vencer e quais devem perder, muitas vezes contrariando as vantagens comparativas naturais dos países. No curto prazo, pode parecer uma estratégia patriótica; no longo prazo, o resultado é um mercado menos competitivo, com custos inflacionados e consumidores pagando mais caro por produtos de pior qualidade. A prosperidade não nasce da proteção, mas da liberdade para competir.

A história já demonstrou que economias fechadas se tornam estagnadas, dependentes de favores estatais e incapazes de inovar. Nenhuma grande potência econômica se consolidou erguendo muros comerciais - pelo contrário, os momentos de maior crescimento vieram da abertura de mercados e do respeito às regras do jogo global. O comércio é um motor de prosperidade mútua, no qual a eficiência produtiva dita o sucesso.

O que preocupa ainda mais é a crescente disposição de certos grupos políticos para apoiar incondicionalmente qualquer medida de seus líderes de estimação. Seja à direita ou à esquerda, a cegueira ideológica coloca em risco a racionalidade econômica. Um povo que não questiona, que não vigia suas políticas públicas, torna-se refém de decisões que, sob o pretexto de proteção, corroem sua própria liberdade.

A prosperidade exige coragem para competir, e não medo da concorrência.

 

Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio em 06/03/2025

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