Esteio do nosso agro

Artigos | 19/04/2023

Matheus Macedo Diretor do Fórum da Liberdade e membro da Comissão Jovem da Farsul

No próximo dia 27, inicia-se a 45ª edição da Exposição Internacional de Animais. Depois de duas
edições de restrições impostas pela pandemia, a maior feira de agropecuária da América Latina volta a
abrir as portas, proporcionando aos visitantes um ambiente único de entretenimento e negócios.

A origem da Feira nos remete a 1901. Àquela altura, Montevidéu já tinha o Prado, e Buenos
Aires já contava com Palermo, ao passo que nosso estado, celeiro do país, não tinha a sua feira. Depois
de iniciar no Campo da Redenção, ela passou por municípios do interior e pelo bairro Menino Deus. O
parque Joaquim Francisco de Assis Brasil – homenagem a grande político e ruralista da nossa história –
foi construído na década de 1970 em Esteio e inaugurou uma nova era.

O êxodo rural que os brasileiros viveram nas últimas décadas tem como consequência inevitável
o distanciamento entre o campo e a cidade. Talvez isso explique em parte o fato de termo-nos
esquecido de nosso passado rural. Tal sentimento, outrora de orgulho, vem se tornando difuso. Os
ataques ao campo e ao agronegócio, por outro lado, têm sido cada vez mais constantes e são
orquestrados justamente por quem deles está distante. Tais críticas – fenômeno observado
mundialmente – são muitas vezes desprovidas de qualquer embasamento. A segunda-feira sem carne e
movimentos como o farms here forest there (fazendas aqui, florestas lá) são exemplos de tentativas
frontais de frear o agronegócio brasileiro. Não atingem, pelo menos por ora, o sucesso que almejam.

Enquanto a cidade critica, o campo produz. Se a indústria brasileira sucumbiu nas últimas
décadas, o setor primário apostou em tecnologia e se tornou referência global. Hoje responde por boa
parte de nosso PIB. Com ele, hoje o Brasil arrecada anualmente mais de 100 bilhões de reais, e a nossa produção é capaz de alimentar o equivalente a 800 milhões de pessoas – quatro vezes a população
nacional. Tais números denotam inegável vocação agrária – presente nos nossos mais de 500 anos
história –, cujos elementos essenciais – recursos naturais, tecnologia e mão de obra qualificada – farão
cada vez mais diferença na performance daqueles que produzem alimentos.

Feiras como a de Esteio passam a representar um alicerce cada vez mais importante para a
sociedade, por aproximar o campo da cidade. Que possamos encontrar pessoas, passear com a família,
apreciar novas tecnologias e ver o trabalho de tanta gente que, enquanto muitas vezes atacada pelos
centros urbanos de modo leviano, segue trabalhando em silêncio e gerando prosperidade à nossa
nação.

  • Artigo publicado originalmente no Jornal Zero Hora em 20 de agosto de 2022 

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