Artigos | 19/04/2023
Isadora Sirtori, artigo publicado no Boletim da Liberdade em 3/2/2022
A famosa música já perguntava “O que é que eu vou fazer com essa tal liberdade?”.
Em tempos de Covid e ano eleitoral, uma das liberdades mais questionadas certamente é a de pensamento.
Quando pensamos em liberdade de opinião, aspiramos ao verdadeiro direito de expressão. Que cada um possa manifestar suas ideias políticas, religiosas ou sobre qualquer outro assunto de maneira livre, sabendo que juízos e preferências podem entrar em contenda, mas o direito para se expressar livremente, sem amarras, nunca.
Em uma biografia do iluminista Voltaire de 1906, a escritora Evelyn Beatrice Hall cunhou a célebre frase: “Posso não concordar com uma única palavra que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la”.
O que temos para 2022?
É o eleitor brasileiro que trata a política e a escolha de seus governantes de maneira tão polarizada e com clubismo partidário, como se estivéssemos assistindo a uma partida de futebol entre Brasil e Argentina.
É o cantor Neil Young exigindo que suas músicas sejam removidas da plataforma de áudio Spotify, após o streaming recusar o pedido dele de banir um podcast considerado pelo cantor como antivacina.
O estado de estupor na luta pela liberdade de expressão é tão grande que ações como essas são aplaudidas, parecendo que o único objetivo das pessoas hoje não é o diálogo, a escuta, mas, sim, o silenciamento e a censura. O que não se percebe é o quanto esse silenciamento é custoso.
Como diz o autor David Boaz no livro “O Manifesto Libertário”, “Cada pessoa é um indivíduo único. Os seres humanos são animais sociais – gostamos de interagir com outros e nos beneficiamos disso –, mas pensamos e agimos individualmente. Cada indivíduo é dono de si mesmo. Que outra possibilidade há além da soberania individual?”.
Nossa cabeça e nossos posicionamentos são um dos pilares dessa soberania individual; não controlamos o conteúdo da mente das outras pessoas. Mas aprender a escutar, debater e exercitar o contraditório é um exercício que deve ser estimulado com todas as vozes que temos.
Isso é o que se faz com “essa tal liberdade”.
*Isadora Sirtori é associada ao IEE.