Artigos | 28/05/2024
José Pedro Gomes, diretor de Comunicação do IEE
A tragédia que assola nosso estado nas últimas semanas trouxe prejuízos inestimáveis para praticamente todas as regiões. Dados recentes mostram que 467 municípios foram drasticamente afetados, com 2 milhões de pessoas impactadas, das quais pelo menos 550 mil ficaram desalojadas, e mais de 160 mortes foram registradas.
Além de moradias, as enchentes devastaram diversas empresas desses municípios. Conforme relatório da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), as cheias atingiram 80% da atividade econômica gaúcha, impactando desde pequenos comércios até grandes indústrias. O agronegócio também foi severamente afetado, com um percentual considerável das plantações de arroz e soja comprometido.
Além do drama das mortes e destruições de lares, o impacto econômico sobre as empresas afetadas se tornará um grande desafio para o futuro do nosso estado. Conforme o governador, Eduardo Leite, em uma estimativa inicial, o RS precisaria de R$ 19 bilhões para se reestruturar, número que, analisando a realidade, parece aquém do necessário.
A reconstrução do nosso Estado dependerá principalmente de uma economia saudável. Nossas empresas precisarão se recuperar rapidamente para que possam gerar empregos e manter a economia em funcionamento. Esses empregos serão essenciais para que as famílias atingidas possam ter condições de retomar suas vidas. Precisamos pensar agora em como será esse processo.
Muito se fala sobre o papel do governo na tragédia. Durante os resgates, vimos que o voluntariado foi o grande responsável pelo salvamento da maioria das vidas, com pessoas de todas as classes sociais se mobilizando, em um tom de igualdade e de forma descentralizada, arregaçando as mangas e se dedicando a ajudar o próximo, doando seu tempo e dinheiro. Enquanto isso, vimos o Estado agir de forma ineficiente (como de praxe).
Essa crise pode ser uma oportunidade para os governantes demonstrarem que ocupam seus cargos para servir à população, e não a seus próprios interesses, incentivando o desenvolvimento da sociedade, do setor privado e das empresas. Destaco questões como falta de incentivos fiscais, dificuldade de crédito e alta burocracia entre os fatores responsáveis por muitas empresas não progredirem historicamente no Brasil. A defesa de um Estado mínimo está diretamente relacionada a esta catástrofe climática, na qual o governo precisa facilitar a vida do empresariado, favorecendo a recuperação do Rio Grande do Sul.
Há uma crítica aos liberais por buscarem soluções emergenciais no governo, por meio de incentivos. No entanto, essa alternativa nada mais é que um efeito da alta carga tributária.
Chegou a hora de o povo gaúcho ver seus impostos sendo aplicados de forma eficiente, ágil e nos locais apropriados. Investimento em infraestrutura via parcerias público-privadas e a consciência estatal do momento de crise vivido pela população, não prejudicando aqueles empresários e trabalhadores que passarão por momentos turbulentos e precisarão se dedicar integralmente a salvar a si mesmos e ao nosso amado Rio Grande do Sul.
Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio em 29/05/2024