Argentina: fim da espiral socialista?

Artigos | 02/08/2023

Roberto Walter, associado do IEE

Em outubro, os argentinos irão às urnas escolher um novo presidente. Alberto Fernández encerrará seu mandato. Três partidos lideram a disputa: Unión por la Patria (UP), Juntos por el Cambio (JxC) e La Libertad Avanza (LLA). Apesar de o empobrecimento da população clamar por um governo salvador e um Estado grande, será que os argentinos perceberão essa armadilha e elegerão um governo liberal que reduzirá a máquina pública e deixará o país exportar e se desenvolver?

O UP foi fundado em junho de 2023 pela atual vice-presidente, Cristina Kirchner, e é uma reformulação do partido Frente de Todos, de Fernández. Seu candidato deverá ser o ministro da Economia, Sergio Massa. O partido tem viés kirchnerista e peronista e deseja seguir com a política de Estado inchado e governo intervencionista, taxando exportações para tentar reduzir o preço dos alimentos e estatizando empresas. A inflação da Argentina está em 114% ao ano, o PIB per capita é 30% menor do que o do Brasil e a dívida representa 160% do PIB (pelo dólar paralelo).

O JxC, fundado pelo ex-presidente Mauricio Macri, é considerado de centro-direita, propondo equilíbrio fiscal, com redução de gastos e impostos, independência do Banco Central, unificação dos pesos oficial e paralelo, além de flexibilização do comércio exterior. Seu candidato deverá ser Patricia Bullrich ou Horacio Larreta.

O LLA, do candidato Javier Milei – palestrante do Fórum da Liberdade 2022 -, promete dolarizar a economia, reduzir impostos e regulações trabalhistas, privatizar estatais deficitárias para pagar a dívida federal, desonerar as exportações e acabar com as cotas de importação.

As sondagens eleitorais indicam proximidade entre os partidos. Na média das pesquisas, o JxC lidera, com cerca de 35%, seguido do UP, com 30%, e do LLA, com 20%. Os outros 15% se dividem entre demais partidos e indecisos.

Apesar da nossa rivalidade futebolística, é do nosso interesse que os hermanos saiam da crise e voltem a ser grandes parceiros econômicos, comprando nossos produtos e exportando os seus.

Quase como um milagre, os argentinos estão percebendo a ineficiência dos governos kirchneristas, que predominam desde 2003, podendo agora sair da espiral socialista.

Maior Estado gera mais pobreza, que pede maior Estado, que gera mais pobreza, que pede maior Estado…


Artigo publicado originalmente no Jornal do Comércio em 25/07/2023

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