Na 35ª edição do Fórum da Liberdade, em 2022, o então deputado argentino Javier Milei afirmou que a única forma de salvar a América Latina do desastre socialista e populista era reconhecer que perdemos a batalha cultural. Segundo Milei, a perdemos pelo simples fato de que não a travamos e, para ganhá-la, se faz necessário complementá-la com a batalha política e com o envolvimento da sociedade.

Também palestrante do Fórum da Liberdade, em 2018, a professora Deirdre McCloskey escreveu recentemente que o verdadeiro liberalismo é para adultos. Ele trata os cidadãos como pessoas maduras, ou seja, cada indivíduo é responsável por si mesmo. Cada qual com o livre-arbítrio sobre suas vidas, sem depender de decisões de terceiros. Após décadas de um Estado intervencionista e políticas protecionistas, a Argentina finalmente poderá experimentar o adultismo e abandonar o Estado-babá que destruiu o país.

Milei, que se identifica como liberal libertário, assume a presidência de um país em que há muito o que ser feito, com uma árdua luta pela frente para resgatar a economia. Porém, finalmente, há a oportunidade de salvar os hermanos do peronismo e do kirchnerismo, que os assombram há tanto tempo.

Muitos votos de Milei vieram como um grito de desespero por mudanças, e não pela crença em suas propostas e ideologia. A sociedade se envolveu e oportunizou que a almejada batalha política acontecesse, com destaque para o voto dos jovens, que não viam mais as suas aspirações refletidas no velho corolário socialista e retrógrado argentino.

O recém-eleito presidente, de personalidade excêntrica e temperamento pugnaz, deve lembrar que a confiança das pessoas em sua condução do país, a partir de agora, será lastreada na forma adulta, razoável, comprometida com valores liberais e seus resultados alcançados. Não há dúvidas de que o retrocesso histórico herdado custará caro por um bom tempo e de que a mudança de rota será desafiadora, mas o sucesso de Milei na liderança da Argentina rumo a um país para adultos será uma conquista e exemplo para outras nações.

Finalizo com a mesma frase de Ayn Rand utilizada por Milei no Fórum da Liberdade, aqui em Porto Alegre: “Há um mundo melhor, e esse mundo é possível pela mão da liberdade”. Que o novo presidente dos argentinos consiga conduzi-los para um país melhor, mais livre e mais maduro. Estarei na torcida.

 
Artigo publicado originalmente no Jornal Zero Hora em 22/11/2023