Artigos | 15/05/2024
Paola Coser Magnani, Presidente do IEE
Cada pessoa, em sua esfera individual, está arregaçando as mangas como pode nesta tragédia que afeta o Rio Grande do Sul. Indivíduos com o mesmo propósito se unem e formam uma força só. O indivíduo é a parte menor da sociedade, mas, como o átomo e a célula, ela é numerosa e faz toda a diferença. Uma pessoa pode ser o farol que ilumina a escuridão para engajar todas as demais em se tornarem luz juntamente.
Temos visto no Estado diversos exemplos desse movimento. Um grupo de jipeiros que se encontram todos os dias para percorrer as ruas repletas de água e testar o limite da engenharia submergindo seus carros para resgatar quem está ilhado em casa. Três irmãs que adotaram uma região de Porto Alegre e começaram, apenas com um barco pequeno e sem motor, a salvar qualquer tipo de vida ao seu alcance. Amigos que se dispuseram a receber doações e entregá-las nos locais onde mais são necessárias, utilizando o poder das conexões para fornecer o que se pode na hora do desespero.
O ímpeto de querer ajudar é a força motriz de cada um. É um instinto essencial de sobrevivência. Não precisou de ordem ou lei para impor o esforço. Cada um, ao olhar para dentro de si, sabia qual era a sua obrigação.
Fala-se tanto em direitos que, na hora de exercermos a prática dos nossos deveres, as ações somem. Entretanto, ninguém precisou alcançar um bote e um remo para os voluntários para que eles soubessem o que era preciso fazer. A vontade de agir e ajudar urge dentro de cada um que tem os valores bem definidos, especialmente a empatia.
Assim como uma vela acende outra e pode acender milhares ainda, um coração ilumina outro e pode levar luz a milhares mais. O povo gaúcho, dia após dia, demonstra o que é ser forte, aguerrido e bravo. É preciso disposição para praticar o bem, força para reconstruir caminhos, virtude para se colocar no lugar do outro. Cada um ajuda da sua maneira e dentro de suas possibilidades, mas todos têm capacidade de usar o seu ímpeto pessoal para fazer mais. “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra”, e parabéns a cada um por seu esforço único movido por vontade própria de ajudar a quem precisa.
Artigo publicado originalmente no Jornal Zero Hora em 15/05/2024