A gasolina tá cara? O Biden resolve!

Artigos | 19/04/2023

Victoria Jardim, Presidente do IEE

Ana acorda cedo todos os dias para levar os filhos à escola. Ao parar para
abastecer, toma um susto com o valor da gasolina: o litro está cerca de R$ 7. É
verdade que o carro não é dos mais eficientes, já é antigo, mas ela não consegue
trocá-lo, pois seu poder de compra vem se esvaindo nos últimos anos.

As frases anteriores são uma alegoria que descrevem a situação da maior
parcela da classe média brasileira, penalizada diariamente com a alta de preços. No
entanto, essa não é uma particularidade do Brasil. Os Estados Unidos também
enfrentam sérios problemas econômicos. Por lá, o presidente Joe Biden publicou uma
declaração em seu Twitter que parece resolver a situação: “Minha mensagem para as
empresas que administram postos de gasolina e estabelecem preços na bomba é
simples: este é um tempo de guerra e perigo global. Reduza o preço que você está
cobrando na bomba…”.

Simples, não? Ora, ou é muita hipocrisia do presidente americano ou, de fato,
como disse o empresário Jeff Bezos, total desconhecimento das dinâmicas de
mercado. Vamos aos fatos: a alta generalizada dos preços, de forma muito
simplificada, deve-se não apenas ao “período de guerra”, mas também ao fato de que
43% de todos os dólares impressos atualmente foram emitidos desde 2020. Pois,
diferentemente do que muitos economistas mainstream dizem por aí, a inflação nada
mais é do que a expansão da base monetária.

Assim, voltando ao Brasil, cerca de 30% do dinheiro existente no país veio do
período de pandemia, para cobrir os auxílios originados pela política “fica em casa que
a economia a gente vê depois”. Bom, o depois está aqui. Agora. O governo federal fez
um esforço de reduzir impostos sobre o combustível, mas, em vez de cortar gastos, o
que seria a decisão lógica, o Senado aprovou a chamada PEC Kamikaze – com
impacto fiscal de R$ 41 bilhões.

Por isso, cada vez que Ana for abastecer o carro, ela deve se enraivecer não
com as empresas, como sugeriu Biden, mas com os políticos que, do alto de suas
torres de marfim, controlam de maneira negligente as políticas fiscal e monetária.
Afinal, duvido que o presidente americano saiba quanto está custando encher o tanque
de seu Cadillac. Mas, caso o bolso aperte, o Sistema de Reserva Federal (FED)
imprime mais um pouco de dólar e paga a conta, certo?

  • Artigo publicado originalmente no jornal Zero Hora em 6/7/2022

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